domingo, 13 de maio de 2012

SALVE 13 DE MAIO!



   Aproveitando a oportunidade da comemoração deste dia tão importante, "sob certos aspectos", para esta raça maravilhosa, que construiu o nosso país "também", faço algumas colocações, sobre esta linhagem vibratória que atende pelo nome PRETOS E PRETAS VELHAS  ou YORIMÁ!
Como qualquer pessoa de outra religião, eu tinha muitos preconceitos com relação a eles, que aos poucos, foram sendo eliminados, digo, "pulverizados" mesmo, pelo contato estreito com estas entidades, os pretos velhos.
   Dos tantos conselhos que ouvi, o que mais me marcou, e que tem demonstrado ao longo da minha curta existência, uma profunda verdade, foi: NINGUÉM TEM O DIREITO DE MAGOAR UM IRMÃO, mesmo que seja para dizer a VERDADE.
   Naquela época, eu então contava 29 anos, e me achava proprietária da verdade. Quanta ilusão! Fui "tomar um passe" e contei ao preto velho, Zé Pelintra, uma discussão que havia participado no ambiente de trabalho. E, cheia de razão, quando acabei o meu relato ele disse: Filha, tu não devias ter dito palavras tão duras para este teu irmão. O tempo vai te mostrar o quanto estás errada.Um dia, tu vais precisar muito dele e ele não vai te ajudar!
- Mas seu Zé, eu tinha razão ao falar assim!
-Filha, NINGUÉM TEM O DIREITO DE MAGOAR UM IRMÃO, mesmo que seja para dizer a VERDADE.
   E mais tarde, bem mais tarde,  EU PRECISEI, e como precisei!
   A nossa cultura, ao contrário de outras, milenares, não respeita o velho. Quem envelhece, é considerado resto, estorvo, não podemos cuidá-los porque precisamos ganhar dinheiro, não queremos nem ouvi-los! Se forem  Pretos, então, nem pensar! Por isto, talvez, tanto preconceito com esta falange maravilhosa.
Mas, como foi muito bem colocado por Alexandre Cumino, nem todos são velhos, nem pretos, nem foram escravos!
   Aliás, vamos ser realistas, nada de romântico aconteceu durante a escravidão! Nem todos os espíritos que viveram naqueles "séculos", desencarnaram "bonzinhos". Muitos deles vagaram muito no astral, até conseguirem entender e aceitar o sofrimento que passaram nas mãos dos seus captores, dos senhores, dos padres, porque a Igreja  autorizava este tratamento desumano, dizendo que negros eram seres sem alma, enfim, de toda a sociedade escravocrata de então.
   Por isto, nesta mesma faixa vibratória, trabalharam e ainda trabalham, muitos seres de luz, magos poderosos, médicos, enfim, preto velho é apenas a designação da sua  roupagem fluídica quando trabalham a serviço da LUZ. Não é exclusividade dos espíritos que foram negros. Já houve pretos e pretas velhas que relataram sua última encarnação como senhores de escravos, por exemplo.
Segundo a obra O Guardião dos Sete Portais, do escritor Rubens Saraceni, a linhagem de Yorimá (pretos velhos), participou da elaboração e criação, no astral, da nova religião Umbanda.
   Então, podemos perceber o quanto estávamos enganados, iludidos por nosso preconceito, com relação a esta maravilhosa falange, que nos protege, aconselha, acalenta e esclarece, sobre as verdades da vida, que eles tanto conhecem, seja por seu profundo conhecimento das verdades cósmicas, seja por todo o sofrimento que vivenciaram na escravidão.



Adorei as Almas!!!
Preto-velho na Cultura Brasileira e na Umbanda
Por Alexandre Cumino

Pai Antonio foi o primeiro preto-velho a se manifestar na Religião de Um­banda em seu médium Zélio Fer­nandino de Morais onde se esta­be­leceu a Tenda Nossa Senhora da Pie­dade. Assim, ele abriu esta “linha” pa­ra nossa religião, introduzindo o uso do cachimbo, guias e o culto aos Orixás.
O “Preto-velho” está ligado à cul­tura religiosa Afro Brasileira em geral e à Umbanda de forma especí­fica, pois den­tro da Religião Umban­dista este termo identifica um dos elementos for­madores de sua litur­gia, representa uma “linha de tra­balho”, uma “falange de espíritos”, to­do um grupo de mentores espi­ri­tuais que se apresentam como ne­gros anciões, ex-escravos, conhe­ce­­dores dos Orixás Africanos.
São trabalhadores da espiritua­lidade, com características próprias e cole­tivas, que valorizam o grupo em detri­mento do ego pessoal, ou seja, são simplesmente pretos e pretas velhas com Pai João e Vó Maria, por exem­plo.
Milha­res de Pais João e de Avós Maria, o que mostra um trabalho desper­sonalizado do elemento indivi­dual valorizando o elemento coletivo identificado pelo ter­mo genérico “preto-velho”. Muitos até dizem “nem tão preto e nem tão velho” ainda assim “preto velho fulano de tal”.  A falta de informa­ção é a mãe do precon­ceito, e, no caso do “preto-ve­lho”, muitos que são leigos da cultura religiosa Umbandista ou de origem africana desconhecem  valor do “preto-velho” dentro das mes­mas.
Preto é Cor e Ne­gro é Raça, logo o ter­mo “preto-velho” tor­na-se caracte­rís­tico e com sentido ape­nas dentro de um con­texto, já que fora de tal contexto o termo de uso amplo e irres­trito seria “Negro Vel­ho”, “Negro An­cião” ou ainda “Ne­gro de idade avan­çada” para iden­ti­fi­car o ho­mem da ra­ça ne­gra que encon­tra-se já na “terceira idade” (a melhor ida­de). Por conta disso alguns sentem-se des­con­for­táveis em utilizar um ter­mo que à primeira vista pode parecer des­respei­toso ao citar um amável senhor negro, já com suas madeixas bran­cas, cachimbo e sorriso fácil, por trás do olhar de homem sofri­do, que na humildade da subju­gação forçada e escrava encontrou a liberdade do espí­rito sobre a alma, através da sabedoria vinda da Mãe África, na figura de nossos Orixás, vindo de encontro à imagem e resignação de nosso senhor Jesus Cristo.
Alguns preferem chamá-los ape­nas de “Pais Velhos” o que é bonito ao ressaltar a paternidade, mas ao mesmo tempo oculta a raça que no caso é motivo de orgulho. São eles que sou­be­ram passar por uma vida de escravidão com honra e nobreza de caráter, mais um motivo de or­gulho em se auto-afirmar “nêgo véio” e ex-escravo; talvez as­sim se man­tenham para que nunca nos esque­çamos que em qualquer situa­ção temos ainda opor­tunidade de evo­luir. Quanto mais adver­sa maior a oportu­nidade de dar o testemunho de nos­sa fé.
O “preto-ve­lho” é um ícone da Umban­da, resu­min­do em si boa parte da filosofia um­ban­dista. Assim, os es­pí­ritos desen­car­­nados de ex-es­cravos se iden­ti­fi­cam e muitos ou­tros que não foram escra­vos, nesta con­dição, as­sim se apre­sentam tam­bém em home­nagem a eles, por tê-los como Mes­tres no astral.
No imaginário po­pular, por falta de informação ou por má fé de al­guns formadores de opinião, a ima­gem do “preto-velho” pode estar asso­ciada por alguns a uma visão preconceituosa, há ainda os que se assustam “com estas coisas” pois não sabem que a Um­banda é uma religião e como tal tem a única proposta de nos religar a Deus, mani­festando o espírito para a caridade e de­senvol­vendo o senti­mento de amor ao pró­ximo.  Não existe uma Umbanda “boa” e uma Umbanda “ruim”, existe sim única e exclusi­vamente uma única Umbanda que faz o bem, caso con­trário não é Umbanda e assim é com os “Preto-velhos”, todos fazem o bem sem olhar a quem, caso con­trário não é de fato um “preto-velho”, pode ser alguém disfarçado de “velho-negro”, o “preto velho” tra­balha única e exclusivamente para a caridade es­piritual.
São espíritos que se apresentam des­ta forma e que sabem que em essência não temos raça nem cor, a cada encarnação, temos uma expe­riên­cia diferente. Os pretos velhos trazem consigo o “mistério ancião”, pois não bas­ta ter a forma de um velho, antes, precisam ser espíritos amadurecidos e reconhecidos como irmãos mais velhos na senda evo­lutiva.
Quanto menos valor se dá a for­ma, mais valor se dá à mensagem, e “preto-velho” fala devagar, bem bai­xinho; quando assim se pronun­cia, to­dos se aquietam para ouví-lo, parece-nos ouvir na língua Yorubá a pa­la­vra “Atotô”, saudação a Oba­luayê que quer dizer exatamente isso: “silêncio”.
Nas culturas antigas o “velho” era sempre respeitado e ouvido co­mo fonte viva do conhecimento an­ces­tral. Hoje ainda vemos este cos­tume nas culturas indígenas e ciga­nas. Algumas tradições religiosas man­têm esta postura frente o sacer­dote mais velho, trata-se de uma he­rança cultural religiosa tão antiga quan­to nossa memória ou nossa his­tória pode ir buscar, tão antigos também são alguns dos pretos velhos que se manifestam na Umbanda.
Muitos já estão fora do ciclo reen­carnacionista, estão libertos do karma, já desvendaram o manto da ilu­são da car­ne que nos cobre com paixões e ape­gos que inexora­vel­mente ficarão para trás no caminho evolutivo. 
Por tudo isso e muito mais, no dia 13 de Maio, dia da libertação dos es­cravos eu os saúdo: “Salve os Pre­tos Velhos! Sal­ve as Pretas Velhas! Adorei as Almas! Sal­ve nosso Amado Pai Obaluayê, Atotô meu Pai! Salve nossa Amada Mãe Nanã Buroquê, Saluba Nana!”
Usamos para eles velas brancas ou bicolores, metade preta e metade bran­ca, tomam café e fumam cachimbo.


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"Umbanda é Linda;
Umbanda é Tudo de Bom;
Umbanda é Religião,
Portanto Só Pode Praticar o BEM!!!"
Alexandre Cumino