quarta-feira, 15 de agosto de 2012



ESPELHO DA VIDA

"Quando olho o teu rosto
vejo o espelho da vida que juntos vivemos.
Tuas rugas
Não são sinais de velhice !
São cópias
de tuas emoções mais profundas,
justamente aquelas
que tentastes fugir, esquecer,
ocultar daqueles que as provocaram !
Entre os teus olhos,
eu as vejo claramente:
são tuas indignações,
tuas frustações,
pois,
embora tenhas tentado muito,
não consiguistes ser tudo aquelo que querias,
ou,
não ser aquilo que não querias ser !
Em tua testa
estão bem marcadas,
as preocupações, as ansiedades,
o medo, tão teu,
de não dar conta do recado.
Ah!
Finalmente!
As alegrias!
A tua gargalhada solta,
as piadas contadas ao nosso lado
na hora da janta,
o teu prazer ao lado dos amigos !
Sim,
Meu paizinho querido,
estão nos teus olhos e ao redor de tua boca ...
esta mesma boca,
que nunca se faz de rogada para me beijar
quando chego,
enquanto estou,
quando saio !
Que adora me provocar e xingar !
O teu semblante no total, prá mim, é claro e límpido,
porque está marcado !
Com as marcas da tua rudeza, da tua teimosia, do teu jeito
de homem honesto !
Com as marcas que a vida te deu, por teres cumprido tão
humanamente, a missão de me amar e ser meu pai ! "

(Fpolis, 1988)