quarta-feira, 2 de novembro de 2011

É A VIDA!



Conheci pessoas  que pensei serem  imortais.
Eles tinham tanta vida, tanta alegria
Que me deram a falsa idéia de que nunca partiriam, mas partiram.
Algumas já desistiram  de viver antes de morrer.
Outras, morreram estupidamente, inesperadamente.
Como se toda e qualquer morte não fosse estúpida ou inesperada.
Mesmo quando precedidas por um longo padecimento físico, estas mortes foram inesperadas e estúpidas.
Ver alguém tão vivo, tão inteligente, com tantas histórias para contar
Definhando em um leito foi tão terrível, que cheguei a desejar sua partida.
E depois, passei anos me culpando por este desejo infame.
Ás vezes, quando ouço alguma música que me recorda delas,
Parece-me que ainda vivem, que ainda poderei revê-las, conversar com elas, discutir o sexo dos anjos, política e religião.
Tenho a impressão que ainda poderei sentar-me à porta da cozinha e fumar passivamente, bebericando um vinho.
E  que na madrugada, ainda poderei assistir com ela o supercine, preparando a maionese para o outro dia.
Outras vezes, quando é lua cheia,  ainda espero que um fusca 69 vai buzinar no meu portão, para me levar
até a praia do mar grosso e olhar para o mar iluminado pela luz do luar.
Muitas vezes, 22 anos depois, ainda tenho a idéia de pegar o telefone, para conversar com ele sobre algum acontecimento político.
Mas eles e elas partiram.
Partiram e não me darão mais notícias.
Como diz um sábio pedreiro do bairro Calemba: É A VIDA!

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